Traduzido de The Early Christian Writers de George Florovsky.
Atenágoras de Atenas, o mais lúcido e eloquente escritor dentre os Apologistas, era provavelmente um pagão que converteu-se ao Cristianismo. Bossuet o considerava autor "de uma das melhores e mais antigas Apologias da religião cristã". Quase nada é conhecido de sua vida exceto que era ateniense e considerava-se "um filósofo cristão". São Fócio manteve que ele foi o mesmo Atenágoras ao qual Boethos, o platonista, dedicou sua obra Sobre expressões difíceis em Platão. Ele é mencionado por Metódio em De resurrectione (1, 36) e por Filipe Sidetes em sua Χριστιανική Ιστορία. Por volta de 177, Atenágoras escreveu seu Apelo em favor dos cristãos - πρεσβεία περι των χριστιανών. Uma segunda obra, Sobre a ressurreição dos mortos - περί αναστάσεως νεκρών - tem sido atribuída a ele, que foi provavelmente seu autor.
Atenágoras foi o primeiro a escrever tão penetrantemente sobre a unidade de Deus. "Todos os filósofos, então, mesmo involuntariamente, alcançam consenso sobre a unidade de Deus quando investigam os primeiros princípios do universo". Deus é "incriado" e "eterno". Deus é "incriado, impassível e indivisível. Ele não consiste, portanto, de partes". Deus é o "Criador". "Tenho demonstrado suficientemente que não somos ateístas, uma vez que reconhecemos um só Deus, que é incriado, eterno, invisível, impassível, incompreensível e ilimitado. Ele é percebido somente pela mente e pela inteligência, e cercado de luz, beleza, espírito e poder indescritível. Por ele, todo o universo foi criado através do seu Logos, foi posto em ordem, e é mantido junto... Que ninguém pense que é estúpido dizer que Deus tem um Filho, pois não pensamos de Deus Pai ou do Filho ao modo dos poetas... Mas o Filho de Deus é seu Logos em ideia e atualidade - εν ίδέα και ενεργεία. Pois por ele e através dele todas as coisas foram feitas, o Pai e o Filho sendo um. E uma vez que o Filho está no Pai e o Pai no Filho pela unidade e poder do Espírito, o Filho de Deus é a mente e Logos - νους και λόγος - do Pai". O Filho é "o primogênito do Pai. Quero dizer que ele não veio à existência - ουχ ως γενόμενον -, pois, uma vez que Deus é mente eterna, ele tem possuído seu Logos em si mesmo desde o princípio, sendo eternamente lógico - άιδίως λογικός. De fato, dizemos que o próprio Espírito Santo, que inspira aqueles que falam profecias, é uma efluência - άπόρροιαν - de Deus, fluindo dele e retornando como um raio do sol. Quem, portanto, não estaria perplexo ao ouvir aqueles chamados de ateístas que admitem Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo, e que ensinam sua unidade em poder e sua distinção em lugar? - την εν τη τάξει διαίρεσιν. Cristãos "são guiados apenas por isto: conhecer o verdadeiro Deus e seu logos, conhecer a unidade do Pai com o Filho, a companhia do Pai com o Filho, o que é o Espírito, qual união - ένωσις - existe entre estes três, o Espírito, o Filho e o Pai, e qual a distinção - διαίρεσις - em união".
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