O Mistério do casamento cristão


A família, como é bem sabido, constitui a célula fundamental do organismo da sociedade, sendo o núcleo e base da sociedade. Assim também na militante Igreja de Cristo é a família a unidade básica do corpo da Igreja. Por essa razão, a família cristã é chamada nos escritos dos Apóstolos de uma "Igreja": "Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus... e a igreja que está em sua casa" (Rom 16:3-5). "...saudai à Ninfa, e à igreja que está em sua casa" (Col 4:15). Daí é compreensível que grande atenção deveria ser dada à família do ponto de vista da Igreja, para que a família possa preencher seu propósito de ser uma "pequena Igreja".

Há ainda outro caminho para a vida pessoal que é abençoado no Cristianismo: virgindade ou celibato. O celibato por Cristo criou outro tipo de unidade social cristã: monasticismo. A Igreja o coloca acima da vida casada, e na verdade na história da Igreja o monasticismo tem sido um elemento líder, orientador, um suporte da Igreja, pondo em realização no mais alto nível a lei moral do Evangelho, e preservando os dogmas, os ofícios Divinos, e outras bases da Igreja.

No entanto, nem todos podem tomar para si os votos da virgindade em nome de Cristo e da Igreja. Por isso, enquanto abençoa a virgindade como uma forma de vida escolhida e perfeita, a Igreja abençoa também a vida casada para aqueles que não conseguem tomar os votos da virgindade, vida que é ao mesmo tempo difícil pelos objetivos que são colocados para uma família cristã.

O Significado do Mistério

No Mistério do Matrimônio, a Igreja invoca a ajuda de Jesus sobre aqueles que estão se casando, para que eles possam compreender, cumprir e atingir os objetivos postos diante deles, nomeadamente: ser uma "igreja do lar", estabelecer dentro da família reais relações cristãs, criar crianças na fé e vida coerentes com o Evangelho, ser um exemplo de piedade para aqueles à sua volta, suportar com paciência e humildade as inevitáveis tristezas e, freqüentemente, sofrimentos que visitam a vida familiar.

A parte mais importante no rito do Mistério do Matrimônio é a colocação das coroas sobre as cabeças daqueles que estão sendo casados com as palavras: "O servo de Deus (nome) é coroado com a serva de Deus (nome) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", e então a benção comum aos dois com a curta oração repetida três vezes: "O Senhor nosso Deus, coroa-os com glória e honra".

[...] O Apóstolo Paulo compara o caráter místico da Igreja com o matrimônio nessas palavras: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela." E adiante, "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois em uma só carne. Grande é esse mistério: digo-o, porem, a respeito de Cristo e da Igreja" (Ef 5:25 e 31-32).

A Indissolubilidade do Matrimônio

A Igreja só em circunstâncias excepcionais concorda com a dissolução do matrimônio, principalmente quando ele foi maculado pelo adultério, ou quando ele foi destruído pelas condições de vida (por exemplo, longa ausência de um dos esposos, sem noticia). A entrada num segundo matrimônio depois da morte de um marido ou mulher, ou em geral a perda de um esposo pelo outro, é permitida pela Igreja, apesar de nas orações por aqueles que estão se casando pela segunda vez, é pedido perdão pelo pecado do segundo matrimônio. Um terceiro matrimônio é tolerado e só como mal menor para evitar o mal maior — a vida imoral (como Basílio, o Grande explica).

- Padre Michael Pomazansky, Teologia dogmática ortodoxa

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