"A essência do protestantismo consiste na 'liberdade de investigação'? Mas os apóstolos permitiam a investigação livre, até mesmo a tornavam uma obrigação; e os santos padres defenderam a verdade da fé com suas investigações livres (cf. o grande Atanásio em sua luta heróica contra o arianismo); e a livre investigação, entendida de uma forma ou de outra, constitui a única base da verdadeira fé. Certamente, a confissão romana parece condenar a investigação livre; mas aqui está um homem que, tendo investigado livremente todas as autoridades da Escritura e da razão, chegou a aceitar todo o ensino dos latinistas. Eles vão considerá-lo um protestante? Outro homem, usando a mesma liberdade de investigação, se convenceu de que as definições dogmáticas do papa são infalíveis e que a única coisa que ele tem a fazer é se submeter. Eles o condenarão como protestante? No entanto, nesse ínterim, não foi por meio de uma investigação livre que ele chegou a essa convicção que o compeliu a aceitar toda a doutrina? Enfim, toda crença, toda fé discernente, é um ato de liberdade e deve provir de uma investigação livre anterior, à qual o homem submeteu os fenômenos do mundo externo ou os fenômenos internos de sua alma, os acontecimentos de tempo transitório ou os testemunhos de seus contemporâneos. Atrevo-me a ir mais longe. Mesmo nos casos em que a voz do próprio Deus falou imediatamente e levantou uma alma caída ou desorientada, essa alma se curvou e adorou somente depois de ter reconhecido a voz divina. O ato de investigação livre é o início da conversão. Nesse sentido, as confissões cristãs diferem umas das outras apenas porque algumas permitem a investigação de todos os dados, enquanto outras limitam o número de assuntos abertos à investigação. Atribuir o direito de investigação apenas ao protestantismo seria elevá-lo ao nível da única fé que tem discernimento; mas é claro que isso não seria do agrado de seus oponentes; e todos os pensadores - mesmo aqueles que não são muito sérios - rejeitarão tal proposição."
Alexey Khomiakov, Sobre as confissões ocidentais de fé