Como S. João Crisóstomo escreveu, na Eucaristia "o sacerdote se coloca diante do altar trazendo do alto, não fogo [como Elias trouxe em seu sacrifício no Monte Carmelo], mas o Espírito Santo. E ele oferece oração longa, não para que alguma chama acesa do alto consuma as ofertas, mas para que a graça caia sobre o sacrifício através dessa oração, acenda as almas de todos e torne-os mais brilhantes que a prata refinada pelo fogo... Não sabeis que nenhuma alma humana poderia suportar esse fogo sacrificial, mas todos seriam aniquilados se não fosse a ajuda poderosa da graça de Deus?" (Sobre o sacerdócio, cap. 7). Aqui temos um incentivo para nos portarmos corretamente e uma razão para temer. Entretanto, o povo não foge diante dessa expectativa, mas responde ousadamente, aguardando "misericórdia, paz, o sacrifício de louvor!"
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Nessa oração [a anáfora] oferecemos nosso sacrifício a Deus, o único sacrifício que podemos oferecer - aquele oferecido de uma só vez por Cristo. Ele é o único verdadeiro Sacerdote na Igreja, pois o sacerdócio da Igreja tem sua raiz em Seu sacerdócio celeste e eterno. A Igreja oferece o sacrifício eucarístico ao apresentar perante Deus em ação de graças o sacrifício eterno de Cristo na Cruz. Como S. Cipriano disse, "a Paixão [a morte de Cristo] é o sacrifício do Senhor, que nós oferecemos" (Ep. 63). Nós oferecemos esse memorial em obediência a Cristo, que, na última Ceia, ordenou Sua Igreja a comer pão e beber vinho reunida "em memória" Dele, como Seu memorial, Sua anamnesis. Fazendo isso, Deus "se lembra" do sacrifício de Cristo na Cruz e de tudo que Ele realizou por nossa salvação - isto é, Ele torna essas realidades presentes e poderosas no meio de Seu povo.
Let Us Attend, A Journey through the Orthodox Divine Liturgy (Padre Lawrence Farley).