Dumitru Staniloae e a questão dos sacramentos fora da Igreja

  
Cristian Sebastian Sonea - “The Open Sobornicity”, an Ecumenical Theme in the Theology of Fr. Dumitru Stăniloae
 
Dumitru Staniloae fez uma breve apresentação de duas atitudes teológicas divergentes: a primeira, que reconhece como “válido per se” “o batismo feito com água e em nome da Santíssima Trindade”, “ainda que concedido fora da Igreja Ortodoxa”; e a segunda atitude, que afirma que “todos os batismos fora da Igreja, sem exceção, são inválidos per se” [D. Staniloae, Cari dintre eretici şi schismatici].
 
[De acordo com essa segunda atitude], os que estão fora da Igreja, embora tenham sido batizados em nome da Santíssima Trindade, não podem ser considerados, de forma alguma, membros da Igreja enquanto não retornarem para dentro dela. Quando decidem voltar, a Igreja aceita seu “batismo”, mas apenas por “economia” e não pedirá que sejam batizados novamente. Tal posição tenta evitar a possibilidade de reconhecer qualquer sinal de eclesialidade nas Igrejas e denominações fora da Igreja Ortodoxa ou da obra carismática do Espírito Santo dentro delas.
 
O padre D. Staniloae considera a segunda teoria errada, dizendo: “se nenhum batismo externo é válido”, por que a Igreja validaria apenas um tipo de batismo e não todos os tipos realizados fora de seus limites? Dumitru Staniloae é o defensor da primeira teoria, a qual ele corrige:
“... os batismos em água e em nome da Santíssima Trindade fora da Igreja são válidos em sua natureza, mas a atualização da Graça neles é alcançada apenas e quando a Igreja Ortodoxa quer isso”.
Além disso, ele propõe um nivelamento da atitude pan-ortodoxa em relação aos “batismos estrangeiros”, da seguinte forma: “a) serão batizados os que tiverem batismo [puramente] espiritual ou antitrinitário; b) os que não foram confirmados ou não têm a crisma e o sacerdócio como sacramento receberão a crisma; c) aqueles que têm o batismo trinitário-material e o sacerdócio como sacramento serão recebidos com libelos pisteos [confissões de fé]" (significando os católicos romanos, os greco-católicos etc).
 
O teólogo romeno considerou que a solução dogmática deveria ser procurada em “algum lugar no meio, entre as duas teorias, entre o reconhecimento do caráter do Sacramento do Batismo e a negação de qualquer conteúdo objetivo que possam ter” [D. Staniloae, Numărul tainelor, raporturile între ele şi problema tainelor din afara Bisericii (1956)]. A solução proposta seria que, sendo os Sacramentos “o meio pelo qual o homem chega à relação plena e natural com Cristo”, significa que os chamados Sacramentos fora da Igreja intermedeiam as relações com Cristo, mas baseados na fé pessoal: “o homem em geral não pode receber Cristo ou de Cristo mais do que acredita”. Assim, de acordo com a teologia do padre D. Staniloae, o ser humano recebe Cristo dentro de sua fé, mesmo estando fora dos limites canônicos da Igreja, mas o que exatamente é recebido através desses sacramentos não se pode saber:
“Não podemos dizer exatamente o que aqueles de fora da Igreja recebem em seus chamados sacramentos. [...] Falta-nos ainda a fórmula, a imagem adequada para esta base objetiva das suas cerimônias, para as elevar e passar ao nível dos Sacramentos.”
Neste caso também falamos de uma eclesiologia de tipo “agnóstico” que podemos encontrar também em outros teólogos ortodoxos.

[...] Segundo D. Stanilaoe, embora a Igreja Ortodoxa seja considerada a verdadeira Igreja de Cristo completa, no entanto, as outras denominações cristãs não são desprovidas de valor. Staniloae considera que existe uma relação gradual entre a Igreja Ortodoxa e as outras igrejas, denominadas incompletas. “Consideramos que são igrejas incompletas, algumas mais próximas da conclusão, outras mais distantes” [Teologia Dogmatică Ortodoxă, vol. 2].

Por esta posição, o teólogo romeno corrigiu a opinião do metropolitano Platão, que considerou que “todas as denominações são separações iguais” da Igreja Una. Seguindo a tradição ortodoxa, segundo Pe. Staniloae, devemos considerar que
“as denominações não ortodoxas são separações que se formaram em uma certa relação com a Igreja completa e existem em uma certa relação com ela, mas não comungam com a plena luz e poder de Cristo, o sol”.
De certa forma, seguindo essa lógica, a Igreja Una compreende, em certa medida, “todas as denominações que dela se separaram, porque não puderam separar-se completamente da Tradição nela presente”.

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